domingo, 6 de fevereiro de 2011

Estrela cadente

Quando eu olho para o céu durante a noite, procurando uma estrela, a minha estrela, sinto todo o peso da minha solidão. Já sei qual é o mal que me aflige e ele nada tem a ver com calabouços e terras prometidas, mas com a ausência da minha estrela, que não encontrei essa noite e nunca mais vou encontrar. Minha doce estrela. As coisas não saíram como planejei essa noite, assim como não saíram com a estrela, e quando olhei para o céu procurei seu brilho por todo lado, aquele riso que contagia o meu. Não estava lá. Perdi minha estrela e para trás ela deixou sonhos despedaçados, um coração partido. Por um instante, mínimo, quase inexistente, ela refletiu sua luz em mim, e fascinado, tentei capturá-la para mim. No entanto, só o que roubei foi seu brilho, privando ela do meu. Ela apagou, não está mais no céu, pois agora se alojou em mim, eterna. Agora ela está sozinha, sem o meu brilho e o dela. Uma estrela cadente. Contudo, nunca a achei tão bela e tão trágica quanto agora, durante a queda. Mas a queda é minha, não dela, assim como o brilho é meu, não dela. Eu capturei seu brilho, e dele surgiu o meu, então ela caiu para dentro de mim, por isso deixou o céu. É o destino de toda estrela cair, nem que seja para outra tomar seu lugar e ser o objeto da adoração de outra pessoa. Agora não sinto mais falta da estrela, porque ela sou eu e minha solidão nada mais é do que o anseio de ser adorado, e assim cair. Minha estrela passou a habitar o solo, e eu enxergo ela aqui de cima como um guardião, esperando ela olhar de volta. Mas cada dia que passa ela se mais afasta de mim e eu subo cada vez mais, inatingível. É seguro aqui em cima, sereno. Agora posso entender como ela se sentia, tão tranquila, mas também tão assustadoramente só. Foi minha adoração que a libertou, então todo o meu esforço de brilhar mais forte que qualquer estrela já brilhou foi recompensado, mesmo que fazendo isso tenha afastado ela de mim. Mas o destino das estrelas é brilhar e cair. Talvez exista uma regra que uma estrela não possa adorar outra, pois assim elas ficariam eternamente no céu, sozinhas. O único jeito de duas estrelas se adorarem é depois da queda, afinal, só cabe uma estrela nesse céu, quando o solo é repleto de estrelas cadentes. Toda noite alguém faz um desejo para uma estrela cadente, torcendo que seja ela a nos encontrar, ou no mínimo libertar. Eu encontrei minha estrela, então brilhei com toda intensidade para conquistá-la, e assim ela caiu, portanto quero ir atrás dela, porque ela também é minha estrela cadente. Vou viver na expectativa de que ela veja toda a intensidade do meu brilho, guardando ele dentro de mim, porque é o tipo de coisa que só se encontra procurando, quando se quer encontrar. O destino de toda estrela é brilhar, assim como o destino de uma estrela cadente é ser encontrada, quando ela quer ser descoberta. Do contrário ela nunca foi uma estrela desde o começo.

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