segunda-feira, 27 de junho de 2011

Como uma pedra



Em uma tarde emaranhada
Em um quarto cheio de vazio
De maneira livre eu confesso
Que estava perdido nas páginas

De um livro cheio de morte
Lendo como morreremos sozinhos
E se formos bons nos deitaremos para descansar
Em qualquer lugar que queiramos ir

Em sua casa anseio ficar
Quarto por quarto
Pacientemente
Vou esperar por você lá
Como uma pedra
Vou esperar por você lá
Sozinho

Em meu leito de morte eu vou rezar
Aos deuses do amor e aos anjos
Como um pagão
Para qualquer um
Que possa me levar ao Paraíso

Para um lugar do qual me lembro
Eu estive lá há tanto tempo
O céu estava ferido
O vinho gotejava
E lá você me conduziu

Em sua casa anseio ficar
Quarto por quarto
Pacientemente
Vou esperar por você lá
Como uma pedra
Vou esperar por você lá
Sozinho
Sozinho

E eu continuei lendo
Até que o dia tivesse terminado
E me sentei em remorso
Por todas as coisas que fiz

Por tudo que abençoei
E por tudo que errei
Nos sonhos
Até minha morte
Vou me questionar

Em sua casa anseio ficar
Quarto por quarto
Pacientemente
Vou esperar por você
Como uma pedra
Vou esperar por você lá
Sozinho
Sozinho

Audioslave

sábado, 25 de junho de 2011

O mistério

"O mistério da história de quem será este? De quem puxa a cortina. Quem é que escolhe nossos passos na dança? Quem nos faz enlouquecer? E nos pune e nos dá a vitória quando sobrevivemos ao impossível? Quem é que faz todas essas coisas? Quem honra aqueles que amamos com a vida que levamos? Quem manda monstros para nos matar e, ao mesmo tempo, diz que nunca vamos morrer? Quem nos ensina o que é autêntico e a rir das mentiras? Quem decide por que vivemos e o que morreremos defendendo? Quem nos acorrenta? E quem guarda a chave que pode nos libertar? É você. Tem todas as armas de que precisa. Agora lute!"

Sucker Punch

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A rosa

Nas margens da Estrada do Trovão, enquanto ele faz sua vigia silenciosa no Recanto das Rosas, vejo o homem da meia-noite lentamente tomar forma, alto e todo vestido de negro com seu chápeu em aba, mastigando um capim pelo canto da boca. Em suas mãos, ele segura uma foice pronta para colher o que foi plantado, e ao seu lado está o garotinho, agora sob sua proteção. Mas eu me viro para a outra direção e sigo caminhando sozinho, não para frente e nem para trás; para longe. Eu caminho por não sei quanto tempo, podem ser horas ou dias, não sei dizer. Até que chego numa praia e lá enxergo o céu mais límpido do que nunca. Límpido e ainda vazio. Eu olho para o mar e sua imensidão, tão grande quanto a minha tristeza, então as lágrimas escorrem e não consigo controlá-las mais. Eu penso na rosa e choro. Ela tão sozinha em seu altar, agora inalcançável e sagrada, como uma lembrança constante do que eu perdi. Eu aceito essa penitência com toda a satisfação, porque não me vejo como vitorioso, muito pelo contrário. O homem da meia-noite que cultive suas rosas, mas a penitência é minha e de mais ninguém, portanto faço o que quiser dela. De repente eu vejo que o exército de fantasmas me seguiu, todos eles súditos do reino perdido, aquele onde eu deveria reinar. Então me dou conta que virei um fantasma como eles, que talvez sempre tenha sido, fato que se torna concreto quando eu penso nele. Agora me tornei o rei deles, como sempre deveria ter sido. Por um momento penso em agir contra o homem da meia-noite, retomando nossa guerra eterna, mas vejo que agora ele é mais forte do que eu, principalmente por estar com o garotinho. Agora ele está completo, enquanto eu não tenho mais pelo que lutar. Estou tão cansado. Não há mais o que eu fazer nesse reino ou qualquer outro lugar. Agora eu me sinto preso, enquanto o homem da meia-noite está livre, mais vivo do que nunca. E eu só quero o brilho da minha estrela. Mas no último instante de consciência, quando fecho os olhos antes de finalmente descansar, enxergo a rosa. Ela é a mais vermelha da plantação, o molde de todas as outras. Mas é a única que eu não posso tocar. Me vejo subir, leve como um pluma. Estou chegando tão alto que me sinto mais perto do que nunca da minha estrela. Não sei como, mas sinto uma estranha convicção que verei ela outra vez, nessa vida ou na próxima. Então eu desapareço com um sorriso no rosto.

"Estou chegando, meu amor. Estou chegando."